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Pessoas negras devem adestrar racistas?

Posted on by Mauro Baracho

Kanye West recentemente disse amar Donald Trump e que a escravidão foi uma escolha.

Kanye West recentemente disse amar Donald Trump e que a escravidão foi uma escolha.

"É preciso educar racistas com empatia e paixão" disse a francesa, que vive no Brasil, Alexandra Loras ao Huffpost em 2016. Na matéria, que recebeu o mesmo nome da fala absurda, Loras se gabava de ter convertido diversos racistas usando estes métodos. Alexandra Loras nasceu na periferia de Paris onde teve uma trajetória de vida difícil que envolveu trabalhos de domestica na Alemanha e nos EUA. Se formou em jornalismo e chegou a ser apresentadora de TV.  Casou-se com um diplomata francês, ex consul da França no Brasil. E foi  por esse motivo que veio viver aqui em 2012.

Já Kanye West disse recentemente que a escravidão foi uma opção, além de dizer que ama o presidente americano Donald Trump,conhecido por suas posições racistas e xenófobas. Não é difícil encontrar o mesmo discurso  na boca de brasileiros: De que pessoas são racistas ou fazem piadas racistas por falta de alguém paciente para explicar-lhes o quanto é errado chamar uma pessoa negra de macaca. Kanye West e Alexandra Loras cresceram nas periferias de seus respectivos países. Loras vem de uma família inter racial: Pai gambiano e mãe frances. West, em aparição no programas de fofocas americano "TMZ", defendeu algo como "todas as vidas importam". Ele também é casado com a mestiça, lida como branca, Kim Kardashian. As famílias inter raciais são algo comum no Brasil, o que não significa que há aqui uma harmonia entre as raças. Há diversos relatos de casos de racismo dentro de famílias inter raciais, como mostrou a pesquisa do Jornal da USP, que investigou marcas do racismo em famílias inter raciais. Essa narrativa por muitas vezes faz com que pessoas negras acreditarem que nossa miscigenação teve outro objetivo que não eliminar o negro da sociedade brasileira. Acreditam que aqui o amor e as oportunidades não tem e não veem cor. Por conta disso, negros e negras insistem em desconstruir brancos por aí. Mas será que isso faz bem para a nossa saúde mental? Uma pessoa branca que, mesmo diante de toda facilidade de se obter informações, se reserva o direito de falar sobre cotas, racismo e violência com argumentos simplistas, não é desinformado. É racista mesmo. Ainda há uma grande dependência psicológica pelos padrões brancos e pelo o que eles representam em uma sociedade racista e eugênica como a nossa. Tentar desconstruir brancos, que relutam em admitir verdades incontestáveis, é se desgastar e por vezes se colocar em situações degradantes. Muitos são os negros que silenciam outros negros para defender essa premissa de que aqui vigora uma democracia racial com oportunidades em igual para todos. 

Aguentar o racismo da família do cônjuge, ou dos próprios em nome do amor, não é amor. Aguentar piadas dos amigos brancos em nome da amizade, não é amizade. Permitir a ascensão de um candidato extremamente racista em nome de um "país melhor", não é patriotismo. A história do Brasil é racista e o elemento que fez com que o racismo tenha dado tão certo aqui, é esse caráter velado e muitas vezes disfarçado de gosto pessoal, de brincadeira, de comentário inocente ou opinião. O discurso de que racistas devem ser educados, só serve a velha estrutura racista que coloca o negro como ator principal da luta contra o racismo e tira das costas  do branco e do estado ,que foi quem promoveu todas as politicas segregacionistas, a necessidade de se rever em prol de uma sociedade mais justa. O racismo funciona muito bem aqui, porque ele impede que pessoas negras sejam capazes de produzir afetos entre elas mesmas em benefício de agressores históricos. As únicas pessoas que merecem nossa atenção e nossa explicação sobre os meios perversos da estrutura racista brasileira, são os próprios negros que muitas vezes estão dentro de nossas famílias. Ninguém jamais conseguiu a solução de um problema se aliando a ele. Vamos preservar nossa saúde mental. 

 

Link das matérias citadas no texto.

 

 

https://www.huffpostbrasil.com/2016/10/14/alexandra-loras-preciso-educar-racistas-com-empatia-e-paixao_a_21699413/ 

https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/pesquisa-investiga-marcas-do-racismo-em-familias-inter-raciais/

 

 

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